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Análise: apagão e falta de atitude preocupam o Flu antes do Brasileiro

Com buraco na esquerda, Tricolor volta a repetir erros conhecidos no empate com a Ferroviária e Fred avisa: ''A hora do conforto é a hora de aumentar a concentração''


Nova frustração, velhos problemas. A atuação do Fluminense no empate por 3 a 3 diante da Ferroviária na última quarta-feira trouxe preocupação a poucos dias do início do Campeonato Brasileiro. Em alguns momentos, o Tricolor lembrou em Araraquara aquele time perdido na reta final do trabalho do técnico Eduardo Baptista. Com Gerson sumido em campo e um buraco no lado esquerdo de sua defesa, abusou da falta da atitude diante de um adversário tecnicamente inferior na segunda fase da Copa do Brasil. Pior: mais uma vez não soube aproveitar a vantagem de ter um jogador a mais em campo.

Flu de Fred apresentou velhos erros no empate em Araraquara (Foto: Thiago Calil/Photopress/Estadão Conteúdo)

Já tinha sido assim no também 3 a 3 diante do Madureira na primeira fase do estadual. Irregularidade, aliás, é a palavra que define bem o Fluminense nos primeiros meses de 2016. Depois da má fase com Baptista, a série invicta com Levir trouxe uma tranquilidade momentânea às Laranjeiras. Paz que foi abalada por mais duas derrotas em clássicos: 1 a 0 para Vasco e Botafogo na final da Taça Guanabara e na semifinal do Campeonato Carioca, respectivamente. Entre elas, uma das poucas atuações consistentes na temporada diante de um adversário mais qualificado: a vitória sobre o Atlético-PR que garantiu o título da Primeira Liga.
- A Ferroviária foi superior os 90 minutos. Para piorar nossa situação, 60 minutos com um a menos, errando pênalti... Isso mexeu com a gente. É ruim abrir dois gols, com um a mais no primeiro tempo, e tomar a virada. Não conseguir jogar melhor do que o adversário. Foi o nosso comportamento em campo que nos levou a esse resultado. É o que eu falo para os jogadores: na hora que está confortável, a gente acha que está tranquilo e não está. Temos que tirar a lição mais uma vez. A hora do conforto é a hora de aumentar a concentração e jogar com seriedade e simplicidade para matar o jogo. Pagamos o preço pela falta de atitude - frisou o capitão Fred, que encerrou um jejum de dez jogos sem marcar e não teve motivos para comemorar.
Nem mesmo Levir conseguiu explicar a série de erros do Flu em Araraquara. Dificuldade na saída de bola, muitos passes errados, falta de vigor nas divididas, lentidão no meio-campo, relaxamento, um buraco no lado esquerdo... Por vezes, o técnico teve de pedir mais calma e toque de bola a seus jogadores. A defesa, que nos últimos dez jogos tinha sofrido apenas cinco gols, voltou a ser vazada com facilidade. Dois dos três gols saíram em cima de Wellington Silva e Henrique, sem falar no pênalti desperdiçado por Thallyson.
Se no ataque o lateral improvisado se redime por vezes, como na assistência para Magno Alves empatar o jogo, na marcação fica claro o motivo de o Tricolor priorizar a contratação de um jogador para o setor. Com a saída iminente de Gerson, que volta ao Roma no meio do ano, um apoiador também está em pauta.
- Não podemos deixar de ressaltar é que a nossa equipe, desde que o Levir chegou, apresentou mais coisas boas do que ruins. Conquistamos um título nacional de forma marcante, o time jogou muito bem, vínhamos sofrendo poucos gols. Temos que voltar a fazer o que a gente vinha fazendo de bom. Hoje não conseguimos manter o nível. Temos que melhorar sempre, principalmente nessas situações que a gente acha que o jogo está tranquilo - disse o camisa 9.

A fraca atuação no fim do primeiro tempo e no início do segundo em muito lembrou o desempenho do Fluminense na semifinal contra o Botafogo. O próprio Levir citou isso em sua entrevista coletiva. É hora de corrigir os erros o mais rapidamente possível e se reforçar para o Brasileirão. Depois de resultados inexplicáveis, a cobrança interna sempre aumenta.
- É complicado. Em 2014, tomamos a virada no Maracanã quando vencíamos o América-RN. Agora temos que nos conscientizar de que a cobrança interna vai existir. Não podemos mais cometer esse mesmo erro. Tínhamos tudo para matar esse jogo contra a Ferroviária. Agora vamos ter que jogar na quinta-feira antes de uma viagem para pegar o América-MG, time que está embalado, no Independência. Criamos essa situação e temos que sair dela. Queremos classificar e fazer uma boa estreia no Brasileiro - encerrou Fred.
O início de trabalho de Levir no Flu é animador. Em 13 jogos, sete vitórias e o título da Primeira Liga. Mas a irregularidade em alguns jogos faz o treinador bater sempre na mesma tecla: ainda busca uma cara para o seu time. Com o Brasileirão e seus grandes desafios batendo à porta, a torcida tricolor espera que ele não demore a encontrar a identidade da equipe.
Fonte: Globo Esporte

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